segunda-feira, 9 de maio de 2022

Microwave Massacre

 

Microwave Massacre/O Massacre do Micro-ondas - 1983

Chamar esse filme de absurdo é elogiar demais. Produzido em 1979, mas lançado apenas em 1983, com um orçamento de menos de 100 mil dólares e dirigido por Wayne Berwick, Microwave Massacre é aquele tipo de obra cinematográfica trash típica dos gloriosos anos 1970 e 1980, onde o politicamente incorreto não existia e praticamente tudo era permitido.

O filme começa mostrando ao que veio, com os títulos iniciais aparecendo abaixo do generoso busto de uma moça que está caminhando pela rua. Essa mesma moça resolve espiar através de um buraco em um tapume que cerca uma construção. Enquanto espia os operários, um homem que está passando na rua apalpa as nádegas da moça, o que faz com que ela se assuste e prenda seus seios no buraco do tapume. Isso mesmo que você leu. De um jeito completamente inexplicável e totalmente absurdo, a moça consegue enfiar os seios no buraco e eles ficam presos, o que atrai a atenção dos operários tarados da obra.



Essa cena inicial não possui nenhum propósito na trama e serve unicamente para mostrar os generosos seios da atriz para os espectadores, atiçando a libido da platéia masculina, mas deixa claro que estamos diante de um filme que não deve ser levado a sério.

Enquanto alguns operários lutam para alcançar os seios presos no buraco, somos apresentados ao nosso protagonista, Donald (Jackie Vernon), um zé ninguém que leva uma vida infeliz a não mais poder. Tem um trabalho cansativo e pouco valorizado, está na meia idade e não tem muitas perspectivas na vida e, para completar a desgraça, é casado com May (Claire Ginsberg), uma mulher que ele não ama mais e que insiste em cozinhar as comidas mais exóticas e intragáveis.

Essa falta de habilidade culinária de May é mostrada logo na primeira cena de Donald. Quando chega a hora do almoço na obra, Donald fica visivelmente constrangido vendo seus colegas comendo sanduíches normais de peru, carne ou frango, com expressões bastante satisfeitas no rosto enquanto mastigam seus lanches. Com uma cara de vergonha e humilhação, Donald desembrulha um enorme sanduíche e tenta escondê-lo de seus colegas. Mas Donald não é um glutão inveterado, que come de forma exagerada e quer esconder sua comida de seus colegas. Não, o motivo da vergonha de Donald é que sua esposa preparou para ele um sanduíche de caranguejo, com um enorme caranguejo inteiro enfiado no meio de duas enormes fatias de pão e enrolado em folhas de alface. O crustáceo está ainda com a casca, as patas e as pinças intactas, o que torna impossível comer o sanduíche. Donald é obrigado a ficar apenas olhando seus colegas comerem, sem poder saciar sua fome.

Essa cena já estabelece o quanto Donald é um pobre desgraçado e como a comida de sua mulher é intragável. Revoltado e faminto, Donald volta para casa ao final do expediente e tem que encarar um jantar com sua mulher, que preparou outra comida sem pé nem cabeça, para desespero de Donald.

O casamento de Donald e May já foi para o vinagre há muito tempo e os dois parecem se odiar mutuamente, discutindo e se confrontando verbalmente por qualquer motivo. Parece difícil acreditar que pessoas tão diferentes puderam se casar. Enquanto Donald é um homem simples e normal, que tudo que parece desejar é uma vida tranquila e, principalmente, comida normal, May é uma típica mulher de meia idade cafona e extravagante. A casa em que vive o casal é decorada de forma tão brega que chega a doer os olhos (e nada me tira da cabeça que esta casa era usada como cenário para filmes adultos) e a pobre May insiste em fazer as comidas mais complicadas e extravagantes possíveis, mesmo que seu marido não esteja nem um pouco interessado nas “guloseimas” preparadas pela esposa, se contentando com um simples ovo frito. Para coroar a situação, May (como toda boa perua) tem um cachorrinho irritante e nervoso, que Donald odeia, mas May trata como um bebê.

A situação prossegue sem muitas mudanças por mais alguns dias, com May atormentando Donald com sua comida, que ela prepara em um micro-ondas novo que comprou apenas para poder preparar seus pratos “maravilhosos”. Esse eletrodoméstico logo se tornara um elemento importante na trama (como o próprio título do filme deixa claro).

O micro-ondas que dá título ao filme. É um modelo real da Major Electric (atual GE- General Electric). Esse tipo de micro-ondas gigantes foi uma tentativa de algumas empresas nos anos 1970 de convencer as famílias a usar este eletrodoméstico como o principal instrumento de suas cozinhas, substituindo os fornos e fogões. Obviamente, não funcionou.  Nos créditos finais, os produtores do filme agradeceram aos micro-ondas, sem os quais o filme não poderia ter sido feito.

Uma noite, após mais um dia cansativo de trabalho, Donald chega bêbado em casa e é confrontado por May, o que acaba gerando outra discussão entre o casal. Com sua paciência no limite, Donald acaba explodindo e resolve dar um jeito naquela situação de uma vez por todas. Após cuspir água na comida de May e sujar toda a sala da casa com o pó do saco do aspirador, Donald exige que sua esposa prepare um sanduíche de queijo para ele e o sirva na garagem, ao que a mulher reage jogando o prato de comida na sua cabeça. E essa é a gota d’água. Tomado de ira, Donald ataca May e a mata ali mesmo, na sala de jantar.

A cena de assassinato de May é um dos pontos altos do filme, devido ao absurdo da cena e a atuação propositadamente exagerada de Jackie Vernon. Logo após ter um prato de comida jogado em sua cabeça, o ator olha diretamente para a câmera e faz uma cara de raiva impagável, deixando claro que chegou ao seu limite.

 Durante o seu ataque de fúria, enquanto golpeia a cabeça de May com um saleiro de madeira, Donald resolve fazer uma pequena pausa e jogar um pouco de sal por cima do ombro para espantar o azar. Depois de cumprir esse pequeno ritual, Donald recomeça a bater na cabeça de May como se nada de anormal tivesse acontecido. Para completar o festival de esquisitices, após conseguir matar sua esposa, Donald dá mais uma olhadinha direta para a câmera e faz uma expressão de alívio que transita entre o sublime e o vergonhoso. Além disso, o ator ainda dá uma pequena balançada de cabeça para a câmera, como se estivesse a dizer aos espectadores: “Isso fica só entre nós”. É simplesmente hilariante.

Ao acordar no dia seguinte com uma tremenda ressaca, Donald não se lembra do que fez e sai à procura de sua mulher, para que ela lhe prepare o café da manhã. Ao não encontra-la, nosso protagonista vai até a cozinha para preparar ele mesmo sua comida e termina encontrando o corpo de sua mulher no micro-ondas. “Oh, May está no micro-ondas”, declara Donald, um pouco antes de se dar conta do que realmente aconteceu com sua esposa e exclamar para a câmera “Talvez ela quisesse partir desta forma”.

Agora livre do incômodo doméstico, Donald desmembra o corpo de May, envolve seus pedaços em papel alumínio e os esconde na geladeira, deixando para depois a tarefa de decidir o quer fazer com os restos. Para seus colegas no trabalho, ele inventa a desculpa de que está se separando de sua esposa e que ela não irá mais perturbá-lo.

Algum tempo depois, ao estar em casa faminto e querer um lanchinho noturno, Donald termina cozinhando por engano uma das mãos de May no micro-ondas. Inesperadamente, após o choque inicial de perceber o que está comendo, Donald aprecia o sabor da carne de sua esposa morta e resolve aproveitar os restos de May para preparar suas refeições.

Porém, não é só dos prazeres da comida que Donald sente falta após seu longo e infeliz casamento. Por isso, uma noite ele sai pela cidade em busca de companhia e termina trazendo uma prostituta para sua casa. Enquanto eles fazem sexo, Donald não resiste e acaba matando a mulher, para depois poder devorá-la. Assim começa a busca insaciável de Donald por mais vitimas femininas para cozinhar em seu micro-ondas.



Microwave Massacre é um filme de comédia de humor negro onde não há limites para o absurdo das situações mostradas em tela. Todos os personagens são caricatos e atuam de forma estranha, desde os amigos tarados de Donald na obra, passando por sua vizinha ninfomaníaca (que chega ao ponto de trabalhar em seu jardim usando um vibrador para fazer as covas para as sementes), chegando ao médico que joga tiro ao alvo usando seringas como dardos. 

O roteiro está recheado de piadas mórbidas, as quais não são muito engraçadas, diga-se de passagem, mas conseguem entreter o público principalmente devido à atuação de Jackie Vernon.


Sim, esta cena está no filme e não, não existe nenhuma explicação para ela.

Praticamente tudo na trama tem o objetivo de fazer piada, o que causa que muitas das situações apresentadas em tela simplesmente surjam do nada e/ou se resolvam rapidamente, de modo a abrir espaço para a comédia. O principal ponto em que se pode ver isto é no fato de que o vício de Donald em carne humana surge logo depois dele experimentar a carne de sua esposa e progride rapidamente, ao ponto de o protagonista se transformar em um serial killer da noite para o dia, caçando mulheres para se alimentar delas.

O filme está recheado de cenas absurdas, como a desta atendente de lanchonete mostrando sua calcinha, o sutiã e a língua enquanto segura um copo de bebida...
... e esta onde Donald conversa com uma mulher vestida com uma fantasia de galinha.

Entretanto, nada disso consegue obscurecer a graça desse filme, que consegue divertir qualquer fã de cinema trash. As piadas podem ser bobas e pouco inspiradas, mas muitas delas conseguem fazer rir pelo completo absurdo. É muito divertido ver Donald indo fazer uma sessão de terapia e contar abertamente sobre seus assassinatos e canibalismos, apenas para percebermos no final que o psiquiatra que o atende estava dormindo o tempo todo e não ouviu nada do que Donald disse. Ou ver Donald convidar seus amigos com sanduíches de carne humana, ao mesmo tempo em que solta pequenas frases engraçadinhas sobre de que carne eles estão provando, algo que os personagens não entendem, mas que os espectadores compreendem logo de cara. Mais uma vez, a atuação caricata de Jackie Vernon é o ponto alto do filme.

Aparentemente, Donald se afeiçoou tanto ao hábito do canibalismo que até mesmo resolveu ler livros sobre isto. O livro que ele está lendo se chama "Survival- A True History of Cannibalism". Infelizmente, não consegui descobrir se este é um livro real ou apenas mais uma piada do filme.

Eu, com certeza, recomendo o filme se você gosta de piadas de humor negro e sabe apreciar filmes politicamente incorretos.


domingo, 8 de maio de 2022

Laserblast

 

Laserblast/O Raio Destruidor (1978)

Um homem (Steve Naill) vaga desorientado pelo deserto. Seu rosto apresenta uma estranha cor verde e em seu braço está um estranho aparato. O homem parece exausto e confuso, como se não compreende-se o que está fazendo naquele lugar. De repente, uma estranha nave aparece nos céus e logo pousa no solo do deserto. Da nave descem duas criaturas alienígenas humanoides, similares a tartarugas sem casco, que são atacadas pelo homem, que usa o aparato em seu braço, que descobrimos ser uma arma capaz de emitir um raio laser mortal. Entretanto, apesar dos esforços do homem, os alienígenas acabam o matando e desintegrando seu corpo. Apenas a arma que ele levava no braço e um estranho colar que ele usava no pescoço ficam intactos. Após eliminar o homem, os alienígenas voltam para sua nave e partem.


Na cena seguinte, conhecemos nosso protagonista, Billy Duncan (Kim Milford), um típico jovem de uma cidadezinha norte-americana. Sua mãe (Janet Dey) vai sair em uma viagem para Acapulco, o que faz com que Billy acabe sozinho em casa. Totalmente entediado, Billy resolve ir visitar sua namorada Kathy Farley (Chery Smith), mas acaba sendo impedido pelo avô da jovem, o Coronel Farley (Keenan Wyn), um ex-militar aposentado que parece ter alguns parafusos a menos.

Revoltado com o tratamento com que foi recebido na casa de sua namorada, Billy sai dirigindo pela estrada e é parado por uma dupla de policiais, Jesse Jeep (Barry Cutler) e Pete Ungar (Dennis Burkley), os quais são bastante abusivos e acabam lhe aplicando uma multa por excesso de velocidade. 

Após receber a multa, Billy vai até um posto de gasolina para beber uma Coca-Cola e espantar o calor. Mas nem mesmo ali o nosso protagonista tem paz e é desafiado por uma dupla de idiotas locais, Froggy (Eddie Deezen, conhecido por ter atuado em “Grease: Nos Tempos da Brilhantina”, naquele mesmo ano de 1978) e Chuck (Mike Bobenko), para uma corrida com seus veículos. Para a humilhação de Billy, sua van se recusa a funcionar e os dois idiotas vão embora rindo de sua situação. Nesse momento, o espectador já percebeu que Billy não gosta muito de sua cidade e não é muito apreciado pelos demais habitantes.

Abatido, Billy vai até o deserto para dar uma caminhada. E é ali que ele acaba descobrindo os objetos deixados junto aos restos desintegrados do homem que vimos no princípio do filme. Inicialmente, Billy resolve brincar um pouco com o aparato desconhecido para ele (em uma cena um tanto longa e ridícula), mas logo descobre que ao portar o colar junto com o aparato, é possível acionar seu poder destruidor e disparar o poderosíssimo laser. Encantado com o poder da arma, Billy começa a disparar aleatoriamente em alguns arbustos e cactos, se divertindo em vê-los explodir.

Por outro lado, as brincadeiras de nosso protagonista com a arma parecem atrair a atenção das criaturas alienígenas do início do filme, que começam a monitorar a situação com seus equipamentos e descobrem que um outro humano está portando os objetos. Os alienígenas se comunicam com o que parece ser seu líder e comunicam a situação, ao que são ordenados a retornar a Terra e resolver o assunto definitivamente. Aqui surge uma questão importante: se os alienígenas sabiam que os objetos eram perigosos, por que os deixaram largados no deserto ao invés de recolhe-los após matar o primeiro homem que os estava portando? A resposta é clara: nunca saberemos.

Enquanto isso, Billy (devidamente sem camisa, mas vestindo calças jeans e usando tênis) vai a uma festa de aniversário com Kathy. Durante esta festa, Kathy percebe que seu namorado tem uma marca de queimadura no peito, mas ele desconversa dizendo que não se trata de nada sério. Algum tempo depois, já no final da festa, Froggy e Chuck tentam abusar sexualmente de Kathy. Billy tenta defender sua namorada, mas é atacado a traição por Chuck, tendo que ser salvo por Kathy. 


A situação parece acabar se resolvendo, mas naquela mesma noite Billy aparece observando o carro de Chuck a distância, usando o colar e arma. Em certo momento, ele resolve disparar conta o carro, destruindo-o. Todavia, Chuck e Froggy escapam ilesos.

No dia seguinte, Billy desperta sem lembranças do ocorrido e vai a um encontro com Kathy. Logo a garota percebe que o machucado no peito do rapaz cresceu rapidamente de um dia para outro e parece estar infeccionado. Após insistir para que ele vá a um médico, Billy termina aceitando e marca uma consulta com o Dr. Mellon (Roddy McDowall, famoso por atuar como o Cornellius do clássico “O Planeta dos Macacos”, de 1968), o qual faz uma cirurgia no peito do rapaz e parece resolver o problema. Embora o médico tranquilize Billy e Kathy sobre o problema, ele na verdade está espantado com o que acabou de remover do peito do rapaz e resolve levar a amostra até um colega seu em uma cidade próxima. Porém, durante a viagem até a cidade, mais uma vez surge Billy usando o colar e portando a arma e destrói o carro do Dr. Mellon, matando-o no processo.

No outro dia, o agente Tonny Craig (Gianni Russo) está investigando o local do acidente e descobre um estranho pedaço de metal e resolve ficar com ele para investigar. Esse agente chegou recentemente na cidade e está investigando os acontecimentos estranhos que estão acontecendo por ali. Desconfiado de que aquele pedaço de metal esconde um segredo, o agente o entrega a Mike London (Rick Walters), o técnico responsável pelo laboratório da polícia, o qual analisa o pequeno objeto e descobre que este é de origem alienígena e parece estar crescendo.

Por outro lado, Billy é abordado novamente pelos dois policiais valentões e levado para testemunhar em relação ao que aconteceu na festa de aniversário. Durante o transporte do jovem até a delegacia, o policial Pete aproveita para golpear e ameaçar Billy impunemente.

Naquela noite, um Billy de rosto esverdeado e se comportando como se estivesse possuído ataca e mata os dois policiais que o tinham agredido anteriormente. Nesse momento do filme, já está claro para o espectador que Billy está sendo controlado de alguma forma pelo colar e a arma alienígenas, os quais o colocam em um estado de fúria e o obrigam a atacar aqueles que, de alguma forma, o prejudicaram.

Como aconteceu anteriormente, Billy desperta no dia seguinte sem nenhuma recordação do que ocorreu e vai a um piquenique com Kathy. Durante este encontro, Billy acaba adormecendo e Kathy coloca inadvertidamente o colar alienígena sobre o peito de seu namorado. Isto faz com que ele se transforme novamente no ser violento e de rosto verde, dominado pelo artefato. Kathy foge e Billy começa a atacar a cidade indiscriminadamente, destruindo tudo que aparece em seu caminho.

Laserblast foi lançado no Brasil com os títulos de “O Raio Destruidor” e “Alienígenas na Terra”. O filme foi produzido por Charles Band, famoso produtor, roteirista e diretor de filmes tipo B e que é conhecido por sua franquia de filmes trash “Puppet Master” (“O Mestre dos Brinquedos”, no Brasil). A direção ficou a cargo de Michael Rae, que teve que se virar com um orçamento mínimo.

Charles Band e sua inabalavel cara-de-pau

O roteiro escrito por Franne Schacht e Frank Ray Perilli para Laserblast é um verdadeiro queijo suíço, cheio de furos. Algumas das tramas do filme, como a dos alienígenas com forma de tartaruga e a do agente Craig simplesmente surgem do nada no filme e nunca são totalmente concluídas. Afinal, para qual agência governamental trabalha Craig? Qual o objetivo dos alienígenas em nosso planeta? Como os artefatos alienígenas chegaram ao homem que os portava no início do filme? Qual a origem destes artefatos e por que eles transformam quem os porta em uma espécie de zumbi enraivecido e com a cara verde? Essas são algumas das perguntas que o roteiro desperta no espectador e que nunca serão respondidas.

Por outro lado, abundam as situações que acontecem em tela apenas por que sim e que não tem nenhuma explicação lógica e que não contribuem em nada para o desenrolar da “trama”. Talvez a mais estranha destas situações acontece na parte final do filme, quando Billy está totalmente possuído e empenhado em destruir tudo ao seu redor. Inexplicavelmente, um homem vê Billy vagando na beira da estrada e resolve dar uma carona pra o rapaz, o qual começa a se comportar normalmente ao embarcar no veículo do homem (até mesmo a maquiagem verde de seu rosto desaparece temporariamente), para logo depois começar a destruir as placas da beira da estrada com seu raio laser. Inclusive, Billy destrói uma placa onde está desenhado o logo de “Star Wars”, em uma espécie de brincadeira sem graça com a maior saga de ficção cientifica do cinema. Essa piada foi obviamente elaborada por Charles Band, o qual já declarou em entrevistas que Laserblast foi produzida para ser uma espécie de "mini Star Wars", de modo a aproveitar o interesse do público por filmes de ficção cientifica, que estava em seu auge devido ao sucesso da obra de George Lucas

Talvez o principal ponto forte do filme sejam as cenas em stop motion dos alienígenas com forma de tartaruga. Estes efeitos ficaram a cargo de David W. Allen, um famoso especialista em efeitos especiais e em stop motion, considerado um dos maiores realizadores neste tipo de técnica. Entretanto, fora isso, os demais efeitos do filme (elaborados por Steve Neill, o mesmo que interpreta o homem morto pelos alienígenas na cena inicial) são ridículos, principalmente a maquiagem que Billy leva no rosto quando está sob o controle dos artefatos alienígenas.

Como todo bom filme trash, Laserblast conta com a presença de atores conhecidos na época ou que viriam a ser conhecidos posteriormente. A presença de Roddy McDowall, Eddie Deezen e Keenan Wynn (ator reconhecido por ter atuado em vários papéis secundários em filmes desde os anos 1930) acrescenta um charme a mais a esta obra.

Eddie Deezen como Froggy

Ao fim e ao cabo, Laserblast é um filme muito ruim com algumas pouquíssimas qualidades. Não foi por acaso que este filme foi um fracasso de audiência e de crítica, conseguindo arrecadar pouco mais de 300 mil dólares em bilheteria. Atualmente, este filme é um dos 100 piores filmes no IMDb (Internet Movie Database), mas tem sua pequena legião de fãs e conseguiu um status de cult. Inclusive, devido a estes fãs, foi publicada em 2017 pela editora Eibon Press uma versão do filme em uma história em quadrinhos, que tentou responder as questões que o roteiro original deixou em aberto. Infelizmente, esta hq nunca foi traduzida para o português.


Com certeza vale a pena dar uma olhada nesta obra trash, desde que você goste de obras cinematográficas muito ruins e de baixo orçamento. Se for assim, o filme poderá resultar bastante divertido.

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