Laserblast/O Raio Destruidor (1978)
Um homem (Steve Naill) vaga desorientado pelo deserto. Seu rosto apresenta uma estranha cor verde e em seu braço está um estranho aparato. O homem parece exausto e confuso, como se não compreende-se o que está fazendo naquele lugar. De repente, uma estranha nave aparece nos céus e logo pousa no solo do deserto. Da nave descem duas criaturas alienígenas humanoides, similares a tartarugas sem casco, que são atacadas pelo homem, que usa o aparato em seu braço, que descobrimos ser uma arma capaz de emitir um raio laser mortal. Entretanto, apesar dos esforços do homem, os alienígenas acabam o matando e desintegrando seu corpo. Apenas a arma que ele levava no braço e um estranho colar que ele usava no pescoço ficam intactos. Após eliminar o homem, os alienígenas voltam para sua nave e partem.
Na cena seguinte, conhecemos nosso protagonista, Billy Duncan (Kim Milford), um típico jovem de uma cidadezinha norte-americana. Sua mãe (Janet Dey) vai sair em uma viagem para Acapulco, o que faz com que Billy acabe sozinho em casa. Totalmente entediado, Billy resolve ir visitar sua namorada Kathy Farley (Chery Smith), mas acaba sendo impedido pelo avô da jovem, o Coronel Farley (Keenan Wyn), um ex-militar aposentado que parece ter alguns parafusos a menos.
Revoltado com o tratamento com que foi recebido na casa de sua namorada, Billy sai dirigindo pela estrada e é parado por uma dupla de policiais, Jesse Jeep (Barry Cutler) e Pete Ungar (Dennis Burkley), os quais são bastante abusivos e acabam lhe aplicando uma multa por excesso de velocidade.
Após receber a multa, Billy vai até um posto de gasolina para beber uma Coca-Cola e espantar o calor. Mas nem mesmo ali o nosso protagonista tem paz e é desafiado por uma dupla de idiotas locais, Froggy (Eddie Deezen, conhecido por ter atuado em “Grease: Nos Tempos da Brilhantina”, naquele mesmo ano de 1978) e Chuck (Mike Bobenko), para uma corrida com seus veículos. Para a humilhação de Billy, sua van se recusa a funcionar e os dois idiotas vão embora rindo de sua situação. Nesse momento, o espectador já percebeu que Billy não gosta muito de sua cidade e não é muito apreciado pelos demais habitantes.
Abatido, Billy vai até o deserto para dar uma caminhada. E é ali que ele acaba descobrindo os objetos deixados junto aos restos desintegrados do homem que vimos no princípio do filme. Inicialmente, Billy resolve brincar um pouco com o aparato desconhecido para ele (em uma cena um tanto longa e ridícula), mas logo descobre que ao portar o colar junto com o aparato, é possível acionar seu poder destruidor e disparar o poderosíssimo laser. Encantado com o poder da arma, Billy começa a disparar aleatoriamente em alguns arbustos e cactos, se divertindo em vê-los explodir.
Por outro lado, as brincadeiras de nosso protagonista com a arma parecem atrair a atenção das criaturas alienígenas do início do filme, que começam a monitorar a situação com seus equipamentos e descobrem que um outro humano está portando os objetos. Os alienígenas se comunicam com o que parece ser seu líder e comunicam a situação, ao que são ordenados a retornar a Terra e resolver o assunto definitivamente. Aqui surge uma questão importante: se os alienígenas sabiam que os objetos eram perigosos, por que os deixaram largados no deserto ao invés de recolhe-los após matar o primeiro homem que os estava portando? A resposta é clara: nunca saberemos.
Enquanto isso, Billy (devidamente sem camisa, mas vestindo calças jeans e usando tênis) vai a uma festa de aniversário com Kathy. Durante esta festa, Kathy percebe que seu namorado tem uma marca de queimadura no peito, mas ele desconversa dizendo que não se trata de nada sério. Algum tempo depois, já no final da festa, Froggy e Chuck tentam abusar sexualmente de Kathy. Billy tenta defender sua namorada, mas é atacado a traição por Chuck, tendo que ser salvo por Kathy.
A situação parece acabar se resolvendo, mas naquela mesma noite Billy aparece observando o carro de Chuck a distância, usando o colar e arma. Em certo momento, ele resolve disparar conta o carro, destruindo-o. Todavia, Chuck e Froggy escapam ilesos.
No dia seguinte, Billy desperta sem lembranças do ocorrido e vai a um encontro com Kathy. Logo a garota percebe que o machucado no peito do rapaz cresceu rapidamente de um dia para outro e parece estar infeccionado. Após insistir para que ele vá a um médico, Billy termina aceitando e marca uma consulta com o Dr. Mellon (Roddy McDowall, famoso por atuar como o Cornellius do clássico “O Planeta dos Macacos”, de 1968), o qual faz uma cirurgia no peito do rapaz e parece resolver o problema. Embora o médico tranquilize Billy e Kathy sobre o problema, ele na verdade está espantado com o que acabou de remover do peito do rapaz e resolve levar a amostra até um colega seu em uma cidade próxima. Porém, durante a viagem até a cidade, mais uma vez surge Billy usando o colar e portando a arma e destrói o carro do Dr. Mellon, matando-o no processo.
No outro dia, o agente Tonny Craig (Gianni
Russo) está investigando o local do acidente e descobre um estranho pedaço de
metal e resolve ficar com ele para investigar. Esse agente chegou recentemente na
cidade e está investigando os acontecimentos estranhos que estão acontecendo
por ali. Desconfiado de que aquele pedaço de metal esconde um segredo, o agente
o entrega a Mike London (Rick Walters), o técnico responsável pelo laboratório
da polícia, o qual analisa o pequeno objeto e descobre que este é de origem alienígena
e parece estar crescendo.
Por outro lado, Billy é abordado novamente pelos
dois policiais valentões e levado para testemunhar em relação ao que aconteceu
na festa de aniversário. Durante o transporte do jovem até a delegacia, o
policial Pete aproveita para golpear e ameaçar Billy impunemente.
Naquela noite, um Billy de rosto esverdeado e se comportando como se estivesse possuído ataca e mata os dois policiais que o tinham agredido anteriormente. Nesse momento do filme, já está claro para o espectador que Billy está sendo controlado de alguma forma pelo colar e a arma alienígenas, os quais o colocam em um estado de fúria e o obrigam a atacar aqueles que, de alguma forma, o prejudicaram.
Como aconteceu anteriormente, Billy desperta no dia seguinte sem nenhuma recordação do que ocorreu e vai a um piquenique com Kathy. Durante este encontro, Billy acaba adormecendo e Kathy coloca inadvertidamente o colar alienígena sobre o peito de seu namorado. Isto faz com que ele se transforme novamente no ser violento e de rosto verde, dominado pelo artefato. Kathy foge e Billy começa a atacar a cidade indiscriminadamente, destruindo tudo que aparece em seu caminho.
Laserblast foi lançado no Brasil com os títulos de “O Raio Destruidor” e “Alienígenas na Terra”. O filme foi produzido por Charles Band, famoso produtor, roteirista e diretor de filmes tipo B e que é conhecido por sua franquia de filmes trash “Puppet Master” (“O Mestre dos Brinquedos”, no Brasil). A direção ficou a cargo de Michael Rae, que teve que se virar com um orçamento mínimo.
O roteiro escrito por Franne Schacht e Frank Ray Perilli para Laserblast é um verdadeiro queijo suíço, cheio de furos. Algumas das tramas do filme, como a dos alienígenas com forma de tartaruga e a do agente Craig simplesmente surgem do nada no filme e nunca são totalmente concluídas. Afinal, para qual agência governamental trabalha Craig? Qual o objetivo dos alienígenas em nosso planeta? Como os artefatos alienígenas chegaram ao homem que os portava no início do filme? Qual a origem destes artefatos e por que eles transformam quem os porta em uma espécie de zumbi enraivecido e com a cara verde? Essas são algumas das perguntas que o roteiro desperta no espectador e que nunca serão respondidas.
Por outro lado, abundam as situações que acontecem em tela apenas por que sim e que não tem nenhuma explicação lógica e que não contribuem em nada para o desenrolar da “trama”. Talvez a mais estranha destas situações acontece na parte final do filme, quando Billy está totalmente possuído e empenhado em destruir tudo ao seu redor. Inexplicavelmente, um homem vê Billy vagando na beira da estrada e resolve dar uma carona pra o rapaz, o qual começa a se comportar normalmente ao embarcar no veículo do homem (até mesmo a maquiagem verde de seu rosto desaparece temporariamente), para logo depois começar a destruir as placas da beira da estrada com seu raio laser. Inclusive, Billy destrói uma placa onde está desenhado o logo de “Star Wars”, em uma espécie de brincadeira sem graça com a maior saga de ficção cientifica do cinema. Essa piada foi obviamente elaborada por Charles Band, o qual já declarou em entrevistas que Laserblast foi produzida para ser uma espécie de "mini Star Wars", de modo a aproveitar o interesse do público por filmes de ficção cientifica, que estava em seu auge devido ao sucesso da obra de George Lucas
Talvez o principal ponto forte do filme sejam as cenas em stop motion dos alienígenas com forma de tartaruga. Estes efeitos ficaram a cargo de David W. Allen, um famoso especialista em efeitos especiais e em stop motion, considerado um dos maiores realizadores neste tipo de técnica. Entretanto, fora isso, os demais efeitos do filme (elaborados por Steve Neill, o mesmo que interpreta o homem morto pelos alienígenas na cena inicial) são ridículos, principalmente a maquiagem que Billy leva no rosto quando está sob o controle dos artefatos alienígenas.
Como todo bom filme trash, Laserblast conta com a presença de atores conhecidos na época ou que viriam a ser conhecidos posteriormente. A presença de Roddy McDowall, Eddie Deezen e Keenan Wynn (ator reconhecido por ter atuado em vários papéis secundários em filmes desde os anos 1930) acrescenta um charme a mais a esta obra.
Ao fim e ao cabo, Laserblast é um filme muito ruim com algumas pouquíssimas qualidades. Não foi por acaso que este filme foi um fracasso de audiência e de crítica, conseguindo arrecadar pouco mais de 300 mil dólares em bilheteria. Atualmente, este filme é um dos 100 piores filmes no IMDb (Internet Movie Database), mas tem sua pequena legião de fãs e conseguiu um status de cult. Inclusive, devido a estes fãs, foi publicada em 2017 pela editora Eibon Press uma versão do filme em uma história em quadrinhos, que tentou responder as questões que o roteiro original deixou em aberto. Infelizmente, esta hq nunca foi traduzida para o português.
Com certeza vale a pena dar uma olhada nesta obra trash, desde que você goste de obras cinematográficas
muito ruins e de baixo orçamento. Se for assim, o filme poderá resultar bastante divertido.
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